sexta-feira, agosto 29, 2008

Escureceu....



A noite chegou.
O dia passou, o sol se pôs
Ficamos esperando, esperando, esperando... mas esperando o que ?
Esperamos tanto que o dia se foi, a noite foi chegando e aqui está

Escureceu.

E a gente se dá conta que esperou o dia todo, pensando que em algum momento, será "o momento", e aquele momento passou. As horas passaram, o relógio andou. E a noite chegou.
E nessa espera não procuramos nem uma vela, uma lanterna, um guia. Nem fizemos um fogo...
Simplesmente esperamos.
E agora no escuro, não há como encontrar os paus, nem os gravetos, muito menos as folhas secas. Não há fósforos, nem isqueiro pra acender um fogo.

Escureceu.

E agora, o que fazer ?
O que não fazer ?
Enquanto era dia, entramos em tantos temazcais e tivemos tantas oportunidades de morrer ali mesmo. Sábio é aquele que se entrega e já morre ali, de uma vez...
Mas a gente sempre "pensa que precisa" ser forte, pra se acaso, todos morrerem, poder manter o fogo aceso.
Mas aí, todos renascem.
E a gente nem morreu...

Escureceu.

E nesse escuro, não tem pra onde ir, nem o que fazer. Talvez rezar ajude...
Talvez.
Mas a noite continua.
Pra onde vamos ?
Pra onde devemos ir ?
Pra piorar (se é que isso ainda era possível..) cai uma forte neblina.
Agora sim !
No mato, sem cachorro.
E sem ninguém.

Escureceu.

A gente sabe, que em algum momento, o dia vai chegar. Vai chegar a luz... vai voltar. Mas quando ?
Que noite escura.
Talvez não se deva fazer nada. Simplesmente esperar.
Mas esperar o que ? Pra que ?
Esperar o dia !
E até que o "famoso dia" chegue.......essa LUZ, esse sol, não tem remédio. Espera.

Escureceu.

E aí, nesse escuro, vem o medo.
E esse medo dessa escuridão parece que só cresce.
Medo de sentir medo.
Medo de todos os medos, que se acreditava que nem existiam...
Simplesmente estavam ali.
Como uma fechadura, só esperando que alguém colocasse a chave certa.
Clique.
Alguém acertou a chave.
Dentre tantas possibilidades, havia uma (pelo menos) para aquela fechadura. Sempre há. Mas são tantas as opções, tantas chaves, tantos segredos, tantos mistérios.
Mas existe uma chave para aquela fechadura. E parece que alguém sempre acaba acertando, sempre descobrindo o segredo.

Escureceu.

Estamos nesse escuro infinito, sem saber pra onde ir. Talvez seja melhor, ir parando por aqui mesmo. Ficar quietinho. Se entregar pra Terra, fechar os olhos. Pelo menos, até que o primeiro raio daquele Sol apareça.
Dizem que o Grande Sol, está dentro. Mas está tão escuro, tão de noite.
De olhos bem fechados, esperamos.
Fechados de medo dessa noite escura.


Escureceu.

Até a mochila desapareceu.
Também !
Pra que carregar algo que não tem serventia ? Que nem lanterna tem ? Que idéia !
Joga fora esse treco !
Se é pra carregar algo, que seja algo que valha a pena, que seja útil, que ajude, que some, acrescente, multiplique. Chega de subtrair e dividir.
Ah, essa Matemática Sagrada, Sagrada Geometria...
Mas mesmo com tudo isso..escureceu.

Até mesmo tentar abrir os olhos, lá estarrado na Terra, custa, demanda esforço, é difícil, pesado...
Escureceu.


Autoria: Sisaray Rupanco

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